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Honrando a Artigas
Marcelo Sola Jorge GonzálezNo meio da praça Independência encontra-se o mausoléu do general José Artigas. No seu interior lembram-se os epidódios mais importantes do pai da pátria Oriental.

José Gervasio Artigas é considerado o pai da pátria Oriental. Nos atos da sua vida sempre esteve presente a idéia de federalismo. Esteve ao serviço do seu povo e com a espada e a palavra encarregou-se de lutar detrás da independência do Uruguai.
Hoje, no centro da praça Independência de Montevidéu encontra-se uma estátua que presta homenagem a esse homem que com afinco lutou por um pais livre. Embaixo dela encontra-se o mausoléu onde descansam os seus restos. Umas escadas a ambos lados da estátua equestre de bronze do prócer conduzem ao recinto subterrâneo.
Começamos descer e um silêncio, sinônimo de respeito, foi invadindo a cada passo à medida que afastávamos do bulício da cidade. Chegando ao interior observamos a dois soldados de guarda que imóveis custodiavam os restos do general.

Apreciamos que sobre os muros do mausoléu mencionam-se episódios da vida do prócer com as suas devidas datas, mas não aparece nenhuma das suas frases. A explicação é que o mausoléu foi inaugurado o 19 de junho de 1977, em plena ditadura militar, e qualquer frase de Artigas escolhida podía se interpretar, direta o indiretamente, como um arrazoado pela liberdade e a democracia.
Com grande sentimento apreciamos a urna onde descansa. Artigas representa o que San Martin é para Argentina ou Bernardo O´Higgins, para Chile.
Artigas foi uma figura gigantesca no contexto das revoluções hispano-americanas.
Fundamentalmente pela antecipação das suas idéias, tanto em matéria política quanto social. Sem dúvida foi uma figura excepcional reconhecida por historiadores de todas latitudes do mundo e é por isso que acreditamos conveniente conhecer esse mausoléu, como assim também a sua história.

A sua vida
Nasceu em Montevidéu o 19 de junho de 1764. Depois de estudar no colégio franciscano de San Bernardino, dedicou-se às tarefas rurais nas estâncias do seu pai. Anos depois começou a ganhar-se a vida comprando couros na campanha para vender aos exportadores de Montevidéu.
Em 1797 ingresou como soldado de cavalaria no regimento de Blandengues, criado para combater o roubo de gado e o contrabando na Banda Oriental e proteger a fronteira com o Brasil. Em 1806, durante as invasões inglesas, participou na reconquista de Buenos Aires e na defesa de Montevidéu às ordens de Liniers.
Foi encarregado de realizar o conhecido êxodo do povo oriental em 1812, junto com 16000 pessoas que atravessaram o rio Uruguai e instalaram-se em Ayui, perto da atual Concordia (Entre Ríos). Alí preparou-se para continuar a luta contra os realistas. Ao inaugurarse a Assambléia do Ano XIII, a Banda Oriental escolheu os seus representantes num congresso e, por inspiração de Artigas, deu precisas instruções de conteúdo federalista e revolucionário: imediata declaração de independência, constituição republicana, liberdade civil e religiosa, igualdade de cada cidadão, governo central respeito das autonomias provinciais e o estabelecimento da capital fora de Buenos Aires.
Argumentando pretextos formais, a Assambléia recusou os diplomas dos deputados orientais. Rondeau convocou outro congresso para escolher novos deputados e Artigas quebrou então abertamente com Buenos Aires. O diretor supremo Gervasio Posadas declarou ele “traidor” e pôs preço de 6000 pesos à sua cabeça.

Para 1814, a popularidade de Artigas tinha se estendido a várias das atuais provincias argentinas, afetadas, igual do que a Banda Oriental, pela política de livre comércio e porto único promovido por Buenos Aires, que arruinava aos artesãos e camponeses do interior. Santa Fé, Entre Rios, Corrientes, Misiones e Cordoba unem-se aos orientais formando a Liga dos Povos Livres. Como protetor da Liga, Artigas lutou junto com os chefes do litoral contra o centralismo do Diretório. A Liga formou uma espêcie de mercado comum regional no que protegia-se aos produtores nacionais e fomentava-se a agricultura através da entrega de terras, animais e sementes. Não pagavam impostos as máquinas, os livros e os remédios, e derivava no comércio do Litoral ao porto Montevidéu.
Em 1815 Artigas recuperou Montevidéu, ocupada até o momento pelas tropas portenhas, e convocou em Concepción del Uruguay o 29 de junho de 1815 o Congresso dos povos livres. Aí estavam os deputados pela Banda Oriental, Corrientes, Santa Fé, Córdoba, Entre Ríos e Misiones. Os seus primeiros atos foram jurar a independência da Espanha, içar a bandeira tricolor, (igual do que a de Belgrano, mas atravessada por uma faixa vermelha, símbolo do federalismo)e resolveram não concorrer ao Congresso de Tucumán convocado pelo Diretório de protesto pela atitude do governo portenho de fomentar a invação portuguesa da Banda Oriental para acabar com Artigas.
Enquanto reuniam-se o Congresso de Tucumán, Artigas e o seu pessoal defenderam o território contra uma nova invasão dos portugueses, que tomaram Montevidéu em 1817.
Artigas deveu ir ao exílio em Paraguai. Alí morou e depois de 30 anos morreu com a idade de 86 anos o 23 de setembro de 1850. Os seus restos foram repatriados ao Uruguai em 1855.
Fonte consultada: historiador Felipe Pigna

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