Passeios e Excursões:
Onde moram as samambaias
Marcelo Sola Jorge GonzálezUm roteiro ideal para quem desfrutar do contato com a natureza em estado puro. Ingressamos num bosque fechado até achar samambaias arborescentes.

Achar a gruta das Samambaias significou achar um tessouro que a natureza tem muito bem escondido. Mesmo que está se promocionando esse novo roteiro turístico, ainda não possui a infra-estrutura necessária para chegar a ele sem problemas, coisa que faz ainda mais atraente.
Saímos de Tacuarembó pela Av. Paul Harris com direção noroeste. Atravessamos as duas pontes pintadas de bonitas cores e no primeiro ingresso viramos à esquerda pela Av. Gutierrez Ruiz. Depois, chegamos a um ponto onde o caminho divide-se: para a direita leva ao balneário Iporá e para a esquerda ingressa-se a um caminho de basalto com direção às grutas. Desde esse ponto ficam aproximadamente oito quilómetros por percorrer. O portão de acesso está no lado direito.
Enquanto transitamos pelo caminho vicinal que conduz a Zapara, começamos a apreciar uma bonita paisagem de colinas, montes e formações de rochas. Estávamos imersos no coração da peneplanície sedimentar uruguaia, que entre subidas e descidas fomos atravessando até alcançar os limites da ladeira basáltica onde encontra-se a gruta que estávamos procurando.

Ao chegar ao portão, e depois de bater as mãos, fomos atendidos pelo Sr. Luis de los Santos -de 53 anos no momento de escrever essa nota-, que com grande vocação de serviço esteve à nossa disposição para nos acompanhar até o lugar onde encontram-se as samambaias gigantes. Luis é um homem conversador talvez por estar muito tempo só na paragem ou por ser um apaixonado pelo lugar.
Não deixou de oferecer toda a informação sobre o lugar que estávamos visitando. Mas também tem muito claro que a paisagem aprecia-se melhor em silêncio e por essa razão sabe respeitar os momentos de contemplação ficando no lado.

Aparentemente o terreno que estávamos pisando resulta da fossilização das dunas do clima desértico constituidas por areias de quartzo acumuladas durante o periodo Triásico Superior. Segundo Luis de los Santos, esse lugar é uma “Enciclipédia do solo”, já que se prestamos atenção, podem se ver todos os momentos pelos que passou até chegar à sua conformação atual.
A caminhada no meio do campo foi longa mas amena. Enquanto nos aproximamos ao lugar, o rumor do arroio foi se fazendo cada vez mais presente. Logo começamos a chegar à zona onde encontra-se a gruta propriamente dita. Na realidade, é um riacho rodeado de bosque nativo.
Graças ao micro-clima que tem se gerado pela descida abrupta do terreno, tem nascido um bonito bosque fechado de samambaias que mora ao abrigo da sombra das árvores, também graças à umidade dos cursos de água que afloram desde o solo. O lugar está cheio de líquenes, que indicam a pureza do oxigênio no lugar.

Devagar e prestando atenção, começamos descer um par de metros para ingressar nela. Ao ingressar encontramos uma muito variada vegetação autóctone e um límpido fio de água que corria pelo centro. Sobre os lados do riacho apreciamos múltiples samambaias de tamanhos pouco normais; alguns superam o metro de diâmetro e outros são apénas perceptíveis. O lugar é úmido mas mesmo assim, aconchegante. Ficamos um tempo observando as espêcies e contemplando o que a mãe natureza tinha montado nesse perdido lugar do planeta.
Depois de ter desfrutado desse lugar que a mão do homem ainda não tem transformado, saímos da gruta para nos dirigir a um terraço natural e desse jeito obter uma vista panorâmica geral do lugar que estávamos visitando. Nessa região é possível se encontrar com especies nativas como o tatú, o águia vermelha, chajás ou o pavão de monte.

Finalmente, concluiu o nosso percurso no mesmo ponto em que começou. Muito agradecidos pela companhia, despedimos-nos de Luis e empreender a volta. Esperamos que com o tempo melhorem-se as indicações mediante o uso de cartazes para ser mais facil achar o lugar. As samambaias gigantes e o maravilhoso micro-clima do lugar merecem uma visita.

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